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O ARRAIAL IDIOMÁTICO |
A nossa língua portuguesa está cada dia mais descaracterizada. A criação de gírias, a abreviatura de palavras e a inclusão de termos e palavras em inglês atingiram todos os níveis da nossa sociedade.
O povo evangélico, como não poderia deixar de ser, aderiu não só aos costumes, mas também às muitas práticas.
Algumas de nossas igrejas tornaram-se point, ou seja, ponto de encontro da galera “evangélica”. Onde os brothers (irmãos) ou manos costumam encontrar-se para um agito mais light. Isto porque este comportamento causa a falsa impressão de que o peso da consciência do pecado já não incomoda tanto, pois sempre teremos aquelas desculpas “esfarrapadas” e justificativas “convincentes” para alguns, mas, que à luz da Bíblia, não passam de heresias e blasfêmias.
As desculpas são quase sempre as mesmas, aquelas do tipo: “Não tem problema, é pra Deus irmão!“ - Como se Deus concordasse com tudo ou aceitasse qualquer coisa.
Deus ama os que estão no mundo e o seu desejo é vê-los salvo, porém, repudia os costumes e as práticas do mundo.
A palavra de Deus, não omitiu muitos fatos que, apesar de estarem contidos na sua palavra, não significam que Deus tenha concordado com eles.
O caso das filhas de Ló (Gn 19:30-38) é um bom exemplo. Talvez seja esse um dos fatos que mereça maior destaque, pois não resta a menor dúvida de que Deus não concordou e não aceitou as atitudes tomadas pelas filhas de Ló. Tanto que este fato deu origem a dois povos que se tornaram um grande problema para os filhos de Deus - Os Amonitas e Moabitas.
“Rogo igualmente aos jovens: sede, submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede, sóbrios, e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como um leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe, firmes na fé... “(I Pe 5:5).
As reuniões de grupos de jovens nas igrejas são muito importantes. É melhor que os jovens estejam reunidos na congregação com outros membros (irmãos) do que estarem “curtindo” as opções que o mundo oferece. Isto de forma alguma está errado. Porém, o que não está certo são os propósitos e as intenções, bem como algumas práticas que são adotadas nestes encontros. Uma boa parte da responsabilidade acaba sendo da igreja que não preparou o suficiente seus lideres para cuidarem e colocarem ordem no arraial.
Um caso típico aconteceu no velho testamento quando o povo de Deus havia saído do Egito e estava acampado no deserto. Moisés, que era um líder nato, precisou se ausentar do arraial deixando em seu lugar seu irmão Arão. Este, apesar de eloqüente nas palavras, não possuía o mesmo preparo e espírito de liderança de Moisés. Por isso acabou afrouxando as rédeas, cedendo ao desejo e a pressão do povo, o que resultou na construção do bezerro de ouro (Ex 32:1-10).
A igreja não é um local de lazer (point) onde a galera se reúne para “curtir” a vida em busca de prazeres que fogem ao perfil de um verdadeiro jovem ou adolescente cristão.
O jovem “cristão de bom testemunho” tem que ser diferente dos jovens do mundo. Há uma diferença entre o santo e o profano e fazer a diferença entre eles é uma obrigação do jovem que se diz convertido a Cristo. Ele tem que demonstrar de forma evidente que Cristo está no controle e na direção da sua vida.
O crente, seja ele de qualquer faixa etária, não deve se moldar ao mundo tomando a mesma forma deste. Isto é o que nos manda o Senhor quando a sua palavra diz: “E não vos conformeis (tomar a mesma forma) com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2).
O fato dos jovens e adolescentes conversarem de outros assuntos alheios à rotina da igreja, não é o problema. Que marquem encontros, conheçam outros jovens da igreja ou de outras igrejas com quem poderão manter estreitos laços de amizade e até namorar também. Não há nenhum problema. O que não pode, é isso acabar tornando-se uma prioridade a ponto de transformar-se no maior ou único objetivo de freqüentarem a igreja.
A palavra light é uma das palavras que foram incorporadas ao nosso idioma, e já faz algum tempo que virou moda. É refrigerante que agora virou “refrí” light; lanches, doces e sobremesas lights; leites e iogurtes lights; até pizzas, churrascos e feijoadas lights, já é possível encontrar.
Existem duas versões para a palavra inglesa light: 1-Luz, claridade, clarão, brilho, luzeiro, etc... 2-leve, suave, brando, delicado, etc...
O evangelho pregado hoje em muitas de nossas igrejas, tem sido evangelho ligh (suave, brando, leve), assim como grande parte das conversões, que também são lights no mesmo sentido.
As mensagens, em alguns casos, vão sempre de encontro ao que o auditório quer ouvir, pois contrariá-los poderia significar uma grande debandada de membros, ao passo que o auditório em sua maioria, também não quer ouvir aquilo que contraria: os seus interesses pessoais. Eles não querem muito compromisso e, acima de tudo, não querem desentronizar o “Eu” do centro de suas vidas.
Quanto a Jesus, Ele pode até estar entronizado na vida, mas do lado de fora. O que preferem mesmo é viver a sombra da cruz pois, tomá-la para si e negar-se a si mesmo, nem pensar! É dispendioso demais! Implica em renuncia das coisas que mais amam; requer disponibilidade e compromisso. O verdadeiro cristão tem que se moldar ao caráter de Cristo e não querer moldar Cristo ao seu caráter.
Down é outra palavra inglesa que foi incorporada ao nosso vocabulário. É comum ouvirmos algumas pessoas dizerem que estão down.
Esta é outra palavra que possui vários significados: 1- penugem que recobre as aves, principalmente filhotes ou pelos que recobrem algumas frutas, etc... 2- há uma versão náutica da palavra que significa, navegar seguindo a corrente, em estado mais calmo, etc...
Hoje é muito mais fácil navegar seguindo a corrente em estado mais calmo (down), do que enfrentar o mar revolto, pois quando a tempestade ameaça naufragar o barco, torna-se mais fácil recorrer aos coletes e botes salva-vidas que o mundo oferece do que ao mestre que acalma a tempestade. Isto porque recorrer ao mestre requer fé e obediência a sua palavra. Aí então, a coisa fica complicada porque para aqueles que optaram por serem crentes down, a obediência e a fé também se tornaram lights. Além do que, também ficaram dowm no primeiro sentido da palavra: Filhotes que estarão sempre empenando e que jamais deixarão seus ninhos. Voar nem pensar.
A palavra pop é traduzida por estouro, estrondo, estampido, etc., enquanto, a palavra star é traduzida por astro, estrela, etc... Obs: O termo pop star, é erroneamente traduzido por astro popular; pop neste caso é o adjetivo inglês estrondoso. Pop em português é a abreviatura do adjetivo popular. Estrela (port.) ou star (ing.) é substantivo; uma frase formada por adjetivo num idioma e substantivo em outro, fica no mínimo meio esquisita, isso sem contar que em inglês o adjetivo precede o substantivo; e no português é o oposto. No caso de se usar: Pop Star, para Jesus a blasfêmia é ainda maior.
Infelizmente, muitas pessoas vêem Jesus como um pop star (astro estrondoso). Isto é uma blasfêmia, pois iguala Jesus a qualquer outro ídolo humano e Ele de forma alguma quer ser “idolatrado”, Ele quer ser amado, adorado, louvado e acima de tudo, obedecido.
O termo bosom friend, traduzido por “amigo do peito”, não se aplica a Jesus. Ele é sem dúvida o nosso melhor amigo, mas acima de tudo, Ele é o nosso Senhor! Ele é o nosso Salvador! Ele é o autor da nossa fé! Ele é o autor da vida!
Jesus não é o tipo de amigo em quem podemos chegar e dar “tapinhas nas costas” ou nos dirigirmos com os mesmos adjetivos que usamos para tratar os nossos “amigos do peito”. Isso sem contar que mesmo sendo uma pessoa, Ele é um ser espiritual que faz parte de uma trindade divina ao passo que nós, por enquanto, aqui na terra, não passamos de simples mortais que vivem e sobrevivem por sua misericórdia e sob a sua graça.
A palavra de Deus nos diz que devemos ser imitadores de Cristo. Por isso, poderemos começar imitando Jesus com mesma forma reverente e respeitosa de tratamento que Ele se dirigia a Deus, o Pai, mesmo sendo Ele o filho unigênito de Deus.
Se igreja transformou-se em point, evangelho se tornou light, crente ficou down, irmãos viraram brothers e manos. Jesus ainda é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13:8).
O Deus big father (paizão), Jesus pop star (astro estrondoso), bosom friend (amigo do peito), não são os mesmos que a Bíblia nos revela. A intimidade com o Pai, com o Filho e o com o Espírito Santo, tem que ser espiritual e santa, jamais carnal e mundana.
Nós como igreja corpo de Cristo, não podemos perder a visão do que é santo, e do que é profano. A igreja precisa saber distinguir entre o que serve a Deus e o que não serve.
O crente de hoje adquiriu um novo look (estilo, visual): Ficou mais fashion (na moda). Mas este não é o problema. O problema é que o crente precisa ter sempre em mente aquele versículo que diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas às coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (I Co 6:12).
Antes de adotar qualquer prática, aderir a qualquer modismo, a igreja (Corpo de Cristo) precisa buscar na palavra do Senhor discernimento para saber se está agradando a Deus ou a homens.
“Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” (Mt 15:9).
“O povo que não tem entendimento corre para a sua perdição” (Os 4:14 b).
O objetivo desta mensagem não é o de fazer uma crítica velada à igreja e ao comportamento dos crentes de um modo geral, mas sim despertar as pessoas, principalmente jovens, a não perderem o foco, o alvo, a razão principal de estarem na igreja: Jesus Cristo.
A idéia de escrever essa mensagem surgiu após uma pessoa da minha família ter participado de uma reunião de jovens em uma determinada denominação. Se a pessoa que é jovem ficou decepcionada com o que viu, eu que não sou, confesso que fiquei estarrecido com o que dela ouvi. Uma “balada” evangélica. Talvez seja esse o melhor termo a ser empregado para qualificar a dita reunião de jovens.
Ainda bem que “as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã”.
Diácono José Adilson Valderramas.
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