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CRISTÃO EM TEMPO INTEGRAL |
Quando lemos ou ouvimos notícias de missionários que deixaram casa, pais, irmãos e filhos para atenderem a um chamado específico de tempo integral, como imaginamos que tais pessoas vivam suas rotinas? Quando pensamos neles (se é que temos feito isto) já nos perguntamos o que há de especial no seu proceder diário, diferente do de outro cristão com chamado local?
É inegável que abrir mão de seus costumes (vestuário, culinária, entretenimentos), liberdade de culto, comunhão fraternal, convívio familiar e se submeter a um novo cheio de incertezas, perigos, perseguições expondo-se a prisões e até a morte, demanda tal desprendimento que não podemos deixar de admirar àqueles que atendem a este chamado. Afinal, honra a quem honra, e esses mísseis humanos são merecedores dela.
Que fique claro então, que não é o objetivo aqui diminuir o valor ou banalizar o ministério daqueles que atenderam a um chamado específico de tempo integral, mas sim propor uma reflexão sobre o ser cristão em tempo integral.
Voltando à questão: “... já nos perguntamos o que há de especial no seu proceder diário, diferente do de outro cristão com chamado local?” Podemos imaginar que um missionário “no campo” passe um período do dia estudando a bíblia, outro período evangelizando e/ou discipulando e que ele reserve algumas horas para bolar estratégias anti-perseguição e algumas outras horas para orar, ou seja, muitas vezes temos a idéia de que “cem por cento” de seu tempo é dedicado literalmente à pregação do Evangelho.
Com tudo, temos conhecido muitas histórias em que a perseguição acirrada torna o evangelismo lento, feito mais com ações de amor, frutos de uma vida cristã, do que com palavras.
É verdade também que muitos missionários não conseguem ir para o campo com sustento garantido. Muitos têm que complementar, ou mesmo levantar todo o seu sustento. Então, como Paulo, trabalham para que não sejam pesados para ninguém.
Ouvimos também que se envolvem em projetos sociais dos mais diversos nas áreas de saúde, educação, esporte. E que fazem amizades, passeiam, e que por fazerem coisas tão corriqueiras a nós e a qualquer nação são perseguidos, ultrajados, presos e até mortos.
Se não são super-crentes, “apenas” são salvos como nós, se vão muitas vezes para viver uma vida aparentemente comum, como a nossa aqui, o que os torna “missionários”? Será que “só” o fato de terem IDO?
E se tivessem apenas ido, mas tivessem se esquecido pelo que foram?
Talvez o fato de atender a um chamado de tempo integral para um lugar inóspito deixe sempre fresco na memória do missionário que ele deixou sua terra e parentela com um único e “simples”objetivo: ser cristão em algum lugar onde isso seja proibido, pouco valorizado, ou apenas desconhecido. Quem sabe, tais cristãos tenham o mesmo pensamento sobre nós por sermos livres.
Banalizar nossa condição de cristãos faz com que pensemos que um chamado em tempo integral seja algo a ser cumprido apenas no que chamamos de “campo missionário”, apenas por pessoas escolhidas especialmente para isso.
Contudo, ser cristão não dá a opção de servir em períodos de tempo. Se assim fosse, “estaríamos” cristãos e não “seríamos”. Quando aceitamos e nos rendemos a CRISTO, recebemos integralmente todas suas promessas pra nossas vidas. Recebemos integralmente a salvação, integralmente a vida eterna com DEUS, integralmente sua superabundante graça, integralmente a filiação por adoção em CRISTO.
Devolveremos a DEUS parcialmente o nosso viver, visto que depende totalmente de Sua misericórdia? Seremos parcialmente Cristãos, apenas nas horas de folga? Apenas no tempo que resta?
O Senhor nos chama sempre para “sermos”, não apenas para “estarmos”:
“Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus”.
Levítico 20.7
“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.”
Mateus 5.13
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte;”
Mateus 5.14
“mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”
Atos dos Apóstolos 1.8
Valorizar nossa condição de cristãos faz com que cumpramos nosso chamado em tempo integral, fazendo de onde quer que estejamos um “campo missionário”, porque somos pessoas especiais, escolhidas especialmente para isso: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2.10
Lidiane Ferreira Gozzo
Depto de Missões
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